RETROSPECTIVA: 2011 NO CINEMA (parte 5)

41. Contágio (Contagion, 2011), de Steven Soderbergh – MOSTRA PANORAMA, FESTIVAL DO RIO

O roteiro é dotado de um estrutura algo didática, com a narrativa distribuída um tanto linearmente, começando pelo dia 2, passando por outros que são determinantes para o desenrolar dos fatos. O tal dia 1 é a grande incógnita, que não deixa de ser respondida, ainda que de modo um tanto óbvio a certa altura. Ainda há espaço para a discussão da força das mídias em sua potência disseminadora de informação, traduzida no personagem de Jude Law.



Nota: 7.5

42. A pele que habito (La piel que habito, 2011), de Pedro Almodóvar – MOSTRA PANORAMA, FESTIVAL DO RIO

Tudo cabe perfeitamente ao filme, que é sempre temperado por boas reviravoltas, e ajuda a manter Almodóvar na contramão de tantos outros diretores de seu continente, contemporâneos ou não, que privilegiam os acontecimentos no plano psicológico de seus protagnistas. Aqui, a ação flui totalmente, em uma rotação um pouco menos acelerada mas, nem por isso, maçante.



Nota: 9.0

43. O cavalo de Turim (A torinói ló, 2011), de Béla Tarr – MOSTRA O ENIGMA BÉLA TARR, FESTIVAL DO RIO

Pouquíssimos espectadores serão capazes de suportar a leitura exegética que Tarr faz do marasmo, da decadência e da finitude, através de um filme em que apenas três ou quatro acontecimentos se alternam em suas repetições. Ao longo de mais de duas horas de projeção, somos confrontados com uma atmosfera de desalento e introspecção que chega a doer na alma.



Nota: 8.5

44. Os crimes de Snowtown (Snowtown, 2011), de Justin Kurzel – MOSTRA EXPECTATIVA, FESTIVAL DO RIO

A inspiração em uma história real ocorrida na Austrália torna o filme ainda mais assustador e repugnante, com um dos personagens mais intragáveis que o cinema recente já pôde apresentar. Até que ponto um a reação violenta a uma violência pode ser justificada? A pergunta ecoa por todos os fotogramas deste drama denso e atordoante.



Nota: 7.5

45. Beleza adormecida (Sleeping beauty, 2011), de Julia Leigh – MOSTRA PANORAMA, FESTIVAL DO RIO

Decalcado do romance homônimo da diretora, que debuta na função, o filme tem um ar um tanto surreal e situações conduzidas com uma estranha naturalidade. Emily Browning, que cresce aos olhos do público, desfila nua por todos os lados, e aposta em uma frieza na interpretação que auxilia na certeza de que esta é uma trama pontuada pela insolidez, com a análise de um mundo de hipocrisia.



Nota: 6.0

46. Homem no banho (Homme au bain, 2010), de Christophe Honoré - MOSTRA MUNDO GAY, FESTIVAL DO RIO

Incrivelmente ousado, Honoré flerta com a pornografia ao apostar em uma história rápida e rasteira sobre o desenlace de dois amantes, invertendo os papéis esperados para a configuração física de cada um de seus intérpretes. Sem Louis Garrel no elenco, sobra para Omar Bem Sellem a incumbência de ser o ator-fetiche do cineasta.



Nota: 7.0

47. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (idem, 2011), de Beto Brant e Renato Ciasca – MOSTRA PRÉMIERE BRASIL, FESTIVAL DO RIO

O título poético compõe o quadro de uma história de triângulo amoroso – temática recorrente no cinema – de moldura trágica, em que Camila Pitanga aparece com uma fúria vulcânica, ainda mais atrevida do que já foi na televisão. O filme é dela, que vive três momentos de uma personagem que é a luz e as trevas na vida de um fotógrafo no interior da Amazônia.



Nota: 8.0

48. Inquietos (Restless, 2011), de Gus Van Sant

Quando chega bem perto de seu final, Van Sant coroa Inquietos com uma aura de profundo pesar, deixando tudo mais realista, e decantando a sensação que um sonho bom precisava se encerrar. Então, somos despertados do sono, ainda surpresos como o pássaro descoberto por Annabel, cantando, perplexos, a vida que ainda nos é dada de presente.



Nota: 9.0

49. Um método perigoso (A dangerous method, 2011), de David Cronemberg – MOSTRA PANORAMA, FESTIVAL DO RIO

O filme discute fetiches, medos inconscientes, mecanismos de defesa e tantos outros termos e conceitos trazidos pela teoria psicanalítica, sem que o interesse pela obra diminua um minuto sequer. O caso extraconjugal de Jung com Sabrina também tem espaço, e responde por boa parte das cenas desinibidas de Keira Knitghtley, muito à vontade com uma personagem que flerta com a loucura e se relaciona com a realidade de modo muito singular.



Nota: 8.5

50. Dark horse (idem, 2011), de Todd Solondz - MOSTRA PANORAMA, FESTIVAL DO RIO

O grande mérito desse filme é trazer Mia Farrow de volta à cena. Ela é a melhor coisa de uma história que trafega por estradas estranhas e pouco consegue cativar o espectador. Seu protagonista é um sujeitinho irritante, que merece certos acontecimentos que a vida lhe proporciona. Selma Blair, um tanto envelhecida, é outra que se sai bem com seu papel esquisito.




Nota: 6.5

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