CINEMA 2018: MELHORES FILMES, DIRETORES E ATUAÇÕES

Como de praxe há alguns anos, chega mais uma lista de melhores do cinema para o blog, uma tradição deliciosa de manter. Porém, também é um trabalho danado repassar tudo o que foi lançado em circuito comercial ao longo de um ano para não deixar escapar nenhum título querido, o que me custa um tempo considerável. Inicialmente, pensei até que não fosse encontrar filmes suficientes para compor uma lista de quinze, mas até que consegui. A pré-seleção chegou a dezoito longas, e tive que pensar só um pouquinho para cortar os três sobressalentes. Aliás, dois deles eu vi no final de 2017, mas só estrearam no início de 2018. Em um ano sem Woody Allen - ainda não há previsão para o lançamento de seu filme nos cinemas, se é que será lançado, surgiram diretores novatos na minha lista de melhores, e quem diria que até Yorgos Lanthimos daria as caras por aqui.

O resultado geral segue abaixo, e em 2018 me restringi a selecionar apenas filmes, diretores e atuações, mais uma vez sem distinguir papéis principais de secundários. Na próxima postagem, apresentarei os melhores filmes fora do circuito vistos ao longo do ano, e isso é tudo por ora. Mais uma vez, não me preocupei com ordem de preferência: a posição de cada título obedece à ordem alfabética e, no caso dos títulos com artigo, vale a primeira letra da palavra posterior. Os breves comentários foram retirados da minha página de notas do site Cineplayers, onde mantenho cadastro há anos, e foram uma maneira de não deixar simplesmente os filmes sem quaisquer palavras que justifiquem sua presença aqui.

FILMES

1. Amante por um dia (Philippe Garrel)

Fiel ao seu estilo peculiar e à obsessão por amores combalidos e suspiros nostálgicos, Garrel entrega mais um retrato contemporâneo de relações com ares de relíquia.

2. Arábia (João Dumans e Affonso Uchoa)

Singeleza e sinceridade se combinam para revelar uma dessas histórias de todos os dias com uma poesia extraordinária.

3. Benzinho (Gustavo Pizzi)

Flui com deliciosa naturalidade e trafega entre o riso e a lágrima com situações prosaicas em um roteiro honesto, capaz de mostrar pelo menos um pouco de tantas famílias. Teles arrebenta em cena, mas seus coadjuvantes também não fazem por menos.


4. A câmera de Claire (Hong Sang-soo)

Falar, falar, falar... e ainda assim deixar lacunas. Os diálogos aparentemente simplórios e despretensiosos de Sang-soo deixam entrever a angústia da incomunicabilidade, ainda que sem tanto brilho e energia como já se ouviu antes.

5. Custódia (Xavier Legrand)

Tenso e seco, ganha força na impressionante reta final, uma amostra de cenas que se repetem por aí todos os dias. O garoto é um belo achado.

6. A forma da água (Guillermo del Toro)

Reúne homenagem ao cinema e à música com elogio ao sonho e à fantasia com pouquíssimos deslizes e muita fluidez.


7. Infiltrado na Klan (Spike Lee)

Lee entrega mais um filme que precisa ser visto para ontem, unindo as pontas da comédia ácida e do drama realista com poucas ressalvas e lembra que o cinema, mesmo quando apenas entretenimento, também pode ser uma arma de grosso calibre.

8. Um lugar silencioso (John Krasinski)

Tensão e silêncio caminhando de mãos dadas em uma narrativa impecável, com passagens antológicas, como a cena do parto e toda a angústia do silo. É assim que se faz filme de terror.

9. A melhor escolha (Richard Linklater)

De um diretor como Linklater nunca vem decepção. Sempre mantendo o equilíbrio entre ternura e sarcasmo, ele entrega mais uma história sobre efeitos do tempo e o que se fez e se viu da vida com um trio em pé de igualdade na competência.


10. O motorista de táxi (Hun Jang)

O homem errado que se torna o certo em um drama de forte apelo moral que não resvala no mero sentimentalismo. As interpretações fantásticas e a inspiração na realidade já tocam o bastante.

11. A rota selvagem (Andrew Haigh)

Haigh sabe dosar as emoções sem cair na armadilha da pieguice musicada com cordas, o que nas mãos de outros diretores e roteiristas, poderia ser um dramalhão. O jovem protagonista merece muitos aplausos.

12. O sacrifício do cervo sagrado (Yorgos Lanthimos)

Com total domínio cênico e narrativo, Lanthimos entrega seu primeiro acerto quase sem defeitos. Os planos arrojados e a trilha opressora compõem a atmosfera de um conto estarrecedor sobre demolições no seio familiar.


13.  The square - A arte da discórdia (Ruben Östlund)

Uma das Palmas de Ouro mais inusitadas em 10 anos e um sopro bem-vindo de sarcasmo e surpresas.

14. Três anúncios para um crime (Martin McDonagh)

O primeiro real acerto de McDonagh traz um punhado de cenas memoráveis em um drama no qual o humor negro se infiltra de modo inesperado. Dormand agarra um dos papéis de sua vida e tem como parceiro um Rockwell novamente inspirado.

15. Visages, villages (Agnès Varda e J.R.

Com seu jeito serelepe em nada condizente com a ideia preconcebida sobre sua idade, Varda nos convida a flanar por rostos e pessoas e deixa um gosto de "quero mais" ao fim da jornada.

DIRETORES


Alfonso Cuarón (Roma)
Alonso Ruizpalacios (Museu)
John Krasinski (Um lugar silencioso)
Philippe Garrel (À sombra de duas mulheres / Amante por um dia)
Yorgos Lanthimos (O sacrifício do cervo sagrado)


ATUAÇÕES FEMININAS


Elizabeth Moss (The square - A arte da discórdia)
Esther Garrel (Amante por um dia)
Frances McDormand (Três anúncios para um crime)
Karine Teles (Benzinho)
Margot Robbie (Eu, Tonya)
Maryana Spivak (Sem amor)
Meryl Streep (The post - A guerra secreta)
Nicole Kidman (O sacrifício do cervo sagrado)
Sally Hawkins (A forma da água)
Yalitza Aparicio (Roma)

ATUAÇÕES MASCULINAS


Adam Driver (Infiltrado na Klan)
Charlie Plummer (A rota selvagem)
Colin Farrel (O sacrifício do cervo sagrado)
Daniel de Oliveira (Aos teus olhos)
Jakob Cedergren (Culpa)
Jérémie Renier (O amante duplo)
John David Washington (Infiltrado na Klan)
Michael Stuhlbarg (Me chame pelo seu nome)
Steve Carrel (A melhor escolha)
Thomas Gioria (Custódia)

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