RETROSPECTIVA: 2011 NO CINEMA (final)

51. O palhaço (idem, 2011), de Selton Mello

Segunda incursão Selton Mello na direção de um longa-metragem, o filme ganhou as plateias brasileiras com muita justiça. A saga de um palhaço que não consegue mais disfarçar a própria tristeza, que resulta na sua incapacidade de entreter os frequentadores de um circo com o sugestivo nome de Esperança. E ainda tem Paulo José em uma participação afetiva e memorável.



Nota: 9.0

52. Amores imaginários (Les amours imaginaires, 2010), de Xavier Dolan

O filme versa sobre as ilusões de ótica – propositais ou não – decorrentes da antiquíssima disposição humana para a idealização amorosa, com todos os ônus e bônus que isso acarreta. O tema, em si, é gerador de profundo interesse e já rendeu pérolas de valor inestimável, elaboradas por cineastas que trilham caminhos acordados com os certames de uma boa exposição dialógica. Mas, no caso de Dolan, a pretensão com que a trama é conduzida deturpa toda a tentativa de seduzir o espectador.



Nota: 4.0

53. O garoto da bicicleta (Le gamin au vélo, 2011), de Jean-Pierre e Luc Dardenne

Não é de se espantar se, ao assistir ao filme, seja-se atravessado por um desejo de grito e intervenção nos passos do garoto. É interessante notar que, nos filmes dos Dardenne, o sentimento não se confunde com o sentimentalismo, e o realismo invade cada fotograma como uma demonstração da urgência de viver e fazer escolhas determinantes, cheias de consequências. Ademais, cada personagem apresenta as suas camadas e, ao se furtarem de expô-los em detalhes, os diretores deixam sempre algo a ser descoberto ou inferido.



Nota: 9.5

54. Submarino (idem, 2010), de Thomas Vinterberg

Pautado pela lentidão, Vinterberg entregou mais um filme pungente, exibindo a mesma destreza na captura das discretas nuances que envolvem os seres humanos. A exemplo de sua faiscante estreia mais de uma década atrás, com o incisivo Festa de família (Festen, 1998), ele vislumbra o cotidiano de pessoas ligadas por laços sanguíneos e as derivações nem sempre tão benévolas desse tipo de relacionamento.



Nota: 8.0

55. Adeus, primeiro amor (Un amour de jeunesse, 2011), de Mia Hansen-Løve

Outro entre os vários filmes com amor no título, esse também peca pela duração excessiva. A história de dois jovens amantes e as interdições que a vida e eles mesmos se impõem poderia se resolver em 20 minutos a menos, sem comprometer as sutilezas apresentadas pela diretora, que faz de sua câmera uma testemunha quieta e bela dos desenlaces dos protagonistas.



Nota: 8.0

56. Triângulo amoroso (3, 2010), de Tom Tykwer

De volta à sua terra natal, o diretor alemão criou uma espécie de comédia truncada, sobre a inusitada geografia da felicidade traçada por um casal que vê sua união cindida e posteriormente soldada pela presença de um outro homem, com o qual ambos se envolvem sem que o outro se dê conta de imediato. Os sorrisos surgem por conta das condutas um tanto incomuns os personagens, e de alguns diálogos um tanto estranhos.



Nota: 7.0

57. As canções (idem, 2011), de Eduardo Coutinho

Mais uma vez, somos arrebatados pela incrível capacidade de Coutinho de selecionar histórias de vida ordinárias, mas cheias de sentimento e emoção, contadas com base na brilhante ideia de relacioná-las a músicas. Não é um ponto de partida exatamente original, mas quem se importa? A cada novo depoimento, ele nos transporta para realidades distintas e nos comove como ninguém.



Nota: 9.0

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