QUINTETO DE OURO - FILMES DE 2007

Não é exagero dizer que o tempo voa. Dentre as muitas verdades existentes, essa pode ser comprovada com facilidade. Basta olhar para o ano de 2007: já vão 10 anos desde que o vivemos, e ele parece tão próximo de nós! E a proximidade agora só está na memória, e é sobre a porção cinéfila da memória que quero comentar por aqui, afinal esse é um blog de cinema... O ano de 2007 foi o escolhido basicamente pelo fato de ter sido há 10 anos, e meu critério de seleção para os filmes foi bem objetivo: valia qualquer filme que tivesse sido realizado naquele ano, lançado em circuito em 2007 mesmo ou não. É um critério um pouco diferente do que adoto nas minhas listas anuais porque, passados esses anos todos, houve tempo para ver inclusive os títulos que foram lançados no ano seguinte.

Diferentemente das edições anteriores do Quinteto de Ouro, nessa edição decidi convidar 7 amigos muito queridos para também apresentar seus prediletos de 2007, listados em ordem alfabética, já que nem todos conseguiram estabelecer ordem de preferência. Tudo indica que vou seguir com esse modelo daqui em diante porque é bacana trocar figurinhas com outros apaixonados por cinema. Nem sempre serão as mesmas pessoas: felizmente, tenho muitos amigos cinéfilos que podem se revezar nessa tarefa a cada mês. Os filmes da minha lista são brevemente comentados com trechos de críticas, dado que todos já foram analisados por mim ao longo desses anos - e esses textos, de alguma maneira, ainda representam minha visão sobre os filmes. E, no meu caso, a ordem é mesmo de preferência (dessa vez consegui!). Seguem as nossas seleções!

MINHA LISTA:


1. Jogo de cena (Eduardo Coutinho)




Aliada à espontaneidade das mulheres comuns, que aceitaram abrir suas vidas sem reservas, há a presença de atrizes de talento, como Andréa Beltrão e Marília Pêra. Elas foram escolhidas a dedo pelo diretor a fim de que desempenhassem uma função importantíssima para o longa. Cada uma poderia escolher uma das histórias de vida das mulheres que foram entrevistadas, de modo que as recontassem como se fossem elas mesmas a viver aquilo tudo. Somado a isso, Coutinho pediu gentilmente que elas pudessem contar algo que jamais haviam dito na mídia antes, que revelariam no filme. O ponto-chave desse pedido é que essas histórias da vida pessoal das atrizes são contadas em meio àquilo que seria a representação delas da vida das mulheres que elas decidiram interpretar. E é esse detalhe que causa o embaralhamento entre realidade e ficção que caracteriza o filme. (crítica completa)


2. 4 meses, 3 semanas e 2 dias (Cristian Mungiu)




O filme é a estreia de Mungiu na direção, e ele exibe habilidade no posto, livrando sua obra de afetações e maneirismos que pouco ou nada acrescentariam à trama. A sua escolha em ambientar a narrativa na Romênia oitentista é acertada, e ele não faz disso um mero pano de fundo, mesmo porque a dificuldade para que as amigas levem seu plano a cabo, em boa parte, decorre desse contexto histórico. Afinal estamos falando de um país que viveu anos sob o triunfo da vontade férrea de Nicolae Ceaușescu, que se foi revelando um ditador reacionário (talvez o adjetivo seja redundante) até a sua execução dois anos depois do momento em que se passa o filme. A câmera de Mungiu perscruta uma Romênia gélida e, ao mesmo tempo, árida, de uma população algo resignada com o status quo de seu país. Longe de qualquer edulcoração, 4 meses, 3 semanas e 2 dias examina os efeitos práticos da decisão de Gabita, que desencadeia alguns eventos importantes que afetam diretamente o seu cotidiano e o de Otilia. (crítica completa)


3. Os donos da noite (James Gray)



Gray oferece, com esse filme, uma rara oportunidade de conferir um policial com profundidade, para além de sucessões de tiroteios e personagens mal acabados, o que costuma tornar o gênero quase uma caricatura de si mesmo. Ao colocar no centro da história um homem carente de uma revisão de valores, ele encorpa sua narrativa e promove revoluções internas nele, que derivam de uma explosão de acontecimentos que cobram a sua atitude. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, é pródigo em reflexões, e chega a fazer de Os donos da noite uma espécie de elo perdido entre o cinema policial das décadas de 70 e 80, simbolizado por nomes como Martin Scorsese e Michael Cimino, e a produção cinematográfica do gênero pós anos 2000. (crítica completa)


4. Senhores do crime (David Cronenberg)



Mortensen compõe um personagem cheio de nuances, que tende ora para a ternura, ora para a crueldade. É capaz de se comover com um bebê, mas também pode cortar os dedos de um cadáver para dificultar a identificação do corpo pela Polícia. Também pode se mostrar uma fera indomável quando está sob ameaça. Tem-se a constatação desse fato em uma sequência em especial. Quando está sozinho numa sauna, Nikolai é abordado por uma dupla de bandidos que quer acabar com sua vida. Num átimo, ele demonstra toda sua fúria ao atacá-los, sem qualquer ferramenta nas mãos, literalmente despido de qualquer instrumento que possa auxiliá-lo em sua luta pela vida naqueles instantes. Mortensen faz a cena completamente nu, exibindo todas as tatuagens de seu personagem. Cada desenho ali conta um episódio de sua vida, sendo traduções de sua caminhada pelas veredas criminosas. (crítica completa)

5. O sonho de Cassandra (Woody Allen)



[...] o slogan com o qual o filme foi vendido quando esteve em cartaz nos cinemas diz “Família é família, sangue é sangue”. Aliás, "O sonho de Cassandra" foi apresentado aos espectadores com um daqueles longas-metragens de ação prototípicos, com tiros e mortes a cada minuto. É um erro grosseiros que pode vitimar os mais incautos. Allen não está preocupado em revelar uma faceta sanguinolenta com o filme. Por mais que, dessa vez, sua câmera espie as neuroses humanas sob uma perspectiva mais densa, seus conflitos tradicionalmente abordados continuam ali, ainda que em estado de latência. Diante da oferta do tio, o dilema dos irmãos passa a ser mais importante do que a concretização do crime em questão. Por isso, quem assiste ao filme com a expectativa de testemunhar uma morte daquelas bem aterrorizantes certamente ficará desapontado. (crítica completa)



OS AMIGOS:

Anderson Barbosa

1. À prova de morte
2. Cartas de Iwo Jima 
3. Onde os fracos não têm vez
4. Sangue negro
5. Senhores do crime




Anderson de Souza

1. 5 centímetros por segundo
2. Como estrelas na Terra 
3. Os donos da noite
4. O escafandro e a borboleta
5. Superbad - É hoje!






Elton Telles


1.  O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford 
2. Do outro lado 
3. Na natureza selvagem 
4. Persépolis 
5. Santiago 



Gustavo Santorini

1. 4 meses, 3 semanas e 2 dias
2. Santiago 
3. Senhores do crime
4. Superbad - É hoje!
5. Zodíaco



Lucas D'Peder

1. O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford 
2. Onde os fracos não têm vez
3. Sangue negro
4. Senhores do crime 
5. Zodíaco




Paulo Matheus

1. Jogo de cena 
2. Os donos da noite 
3. À prova de morte
4. Onde os fracos não têm vez
5. Falsa loura






Vinícius de Castro

1. O homem da Terra
2. Na natureza selvagem 
3. Paranoid Park
4. 1408
5. Superbad - É hoje!

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