BALANÇO MENSAL - OUTUBRO

Em outubro eu passei por mais uma sucessão de altos e baixos com o cinema, uma realidade para qualquer pessoa que se dispõe a ver muitos filmes e tem suas preferências e visões bem estabelecidas. Depois de muito jejum, saiu um 9 - bastante inesperado, diga-se de passagem -, que representou um lugar absoluto no topo do pódio e foi decidido no finzinho do mês. Entre os nomes que desfilaram com suas respectivas produções ao longo dos 31 dias de outubro, ressalto o veterano John Frankenheimer em seu penúltimo trabalho, Paul Feig e a comédia com fartas doses de suspense e ironia, Clint Eastwood em mais um olhar sobre a guerra, porém sem grande força, Arnaud Desplechin e sua insistência na prolixidade, Steven Spielberg e sua inclinação para retratos heroicos, Larry Charles e um humor incorretíssimo e sem a menor graça, William Friedkin em um thriller ancorado em duas ótimas presenças veteranas, além de Philip Noyce e uma ação daquelas bem bagaceiras.

MEDALHA DE OURO

O exterminador do futuro 2 - O julgamento final (James Cameron, 1991)



Exemplo de sequência que supera o original, esse já é um clássico da ficção científica, com pelo menos um punhado de cenas icônicas, como a do Hasta la vista, baby. Depois dos eventos do primeiro longa, este mostra uma nova tentativa de aniquilar a resistência contra a rebelião das máquinas, dessa vez procurando tirar a vida do então adolescente John Connor, o líder do grupo de humanos que conseguirá fazer frente ao domínio de um sistema computadorizado. Uma sacada interessante adotada por Cameron foi trazer Arnold Schwarzenegger de volta, mesmo seu personagem, um exterminador cruel, tendo sido destruído por Sarah (Linda Hamilton) no filme anterior. A solução foi colocá-lo no papel de herói, detalhe que não é revelado logo de cara, dada a presença de um outro exterminador que também deixa a dúvida se veio para matar ou salvar. Não faltam momentos de pura adrenalina, com perseguições caprichosamente dirigidas e uma trilha perfeitamente acomodadas às cenas. A trama em si é bastante simples e, com isso, o roteiro se concentra muito mais na ação - e se sai muito bem nessa escolha.

MEDALHA DE PRATA

Buscando... (Aneesh Chaganty, 2018)



Enquanto o primeiro lugar foi para uma história em que máquinas assumem o controle de tudo, o segundo foi dado a um enredo em que a tecnologia também desempenha papel crucial. Até onde um pai chega na busca desesperada por sua filha, que não deixou rastros? Com o auxílio das redes sociais, aplicativos e programas de computador, ele tenta mapear os rumos que a garota pode ter tomado, até que a polícia entra em cena para tentar elucidar os fatos. Por boa parte do tempo, o jovem Aneesh Chaganty, estadunidense de raízes indianas, consegue manter o suspense e deixar dúvidas e hipóteses pairando na cabeça do espectador. O senão fica por conta do final, que soa um tanto covarde dentro de um universo de possibilidades muito mais rico e menos óbvio do que sua escolha. Um outro detalhe positivo é a presença de Debra Messing (que demorei a reconhecer e andava sumida das telas), muito competente como a policial que se prontifica a atuar na investigação, e tem um motivo particular para isso.

MEDALHA DE BRONZE

O primeiro homem (Damien Chazelle, 2018)



O jovem Damien Chazelle é um realizador para ficar de olho: sempre consegue um lugar nos meus pódios. Em seu terceiro filme, exibido no Festival de Veneza, ele rompe a estratosfera e alcança a Lua para acompanhar uma parte da trajetória pessoal e profissional de Neil Armstrong, primeiro homem a pisar o solo do nosso satélite natural, no agora longínquo ano de 1969. Chazelle preferiu escapar do comodismo de fazer um filme de ação ufanista, como tantos outros de seus pares já haviam feito sobre outras temáticas e entrega um filme intimista, ainda que as sequências grandiosas e aventureiras também compareçam, sobretudo na primeira hora. A cena inicial, aliás, é bastante desaconselhável para claustrofóbicos. Na pele do astronauta, Ryan Gosling sela sua segunda parceria com o cineasta, e ao que tudo indica a dupla não vai estacionar nesse encontro. O ator canadense oferece mais uma de suas interpretações introspectivas, lançando mão de olhares e silêncios, tipo de composição de personagem muito mais exigente que aqueles que gritam e se espalham. Se não alcança todo o viço e substância de Whiplash - Em busca da perfeição (Whiplash, 2014) - meu preferido dele até aqui -, reúne outros acertos que fazem dele uma sessão válida.


INÉDITOS

315. Hotel Transilvânia 3 - Férias monstruosas (Genndy Tartakovsky, 2018) -> 6.0
316. Ronin (John Frankenheimer, 1998) -> 7.0
317. RED 2 - Aposentados e mais perigosos (Dean Parisot, 2013) -> 6.0
318. Um pequeno favor (Paul Feig, 2018) -> 7.5
319. Arranha céu: coragem sem limite (Rawson Marshall Thurber, 2018) -> 7.0
320. Casamento grego (Joel Zwick, 2002) -> 7.0



321. La antena (Esteban Sapir, 2007) -> 6.0

322. Os fantasmas de Ismael (Arnaud Desplechin, 2017) -> 5.0
323. Sniper americano (Clint Eastwood, 2014) -> 6.5
324. O resgate do soldado Ryan (Steven Spielberg, 1998) -> 7.0
325. Hancock (Peter Berg, 2008) -> 4.0


326. O ditador (Larry Charles, 2012) -> 4.0
327. Buscando... (Aneesh Chaganty, 2018) -> 8.0
328. No limite do amanhã (Doug Liman, 2014) -> 7.0
329. Minha filha (Laura Bispuri, 2018) -> 6.0
330. Uma vida melhor (Chris Weitz, 2011) -> 7.5
331. O animal cordial (Gabriela Amaral, 2017) -> 4.0
332. Como enlouquecer seu chefe (Mike Judge, 1999) -> 6.0


333. Salt (Philip Noyce, 2010) -> 7.0
334. Paddington 2 (Paul King, 2018) -> 6.0
335. O primeiro homem (Damien Chazelle, 2018) -> 7.5
336. Footlose - Ritmo louco (Herbert Ross, 1984) -> 6.0
337. O exterminador do futuro (James Cameron, 1984) -> 8.0
338. Mortdecai - A arte da trapaça (David Koepp, 2015) -> 4.0


339. Dogma (Kevin Smith, 1999) -> 3.0
340. Sob o sol da Toscana (Audrey Wells, 2003) -> 6.5
341. Malena (Giuseppe Tornatore, 2000) -> 6.0
342. Caçado (William Friedkin, 2003) ->
343. Amor em jogo (Bobby e Peter Farrelly, 2005) -> 6.0
344. Efeito dominó (Roger Donaldson, 2008) -> 6.0
345. O exterminador do futuro 2 - O julgamento final (James Cameron, 1991)

REVISTOS

Um misterioso assassinato em Manhattan (Woody Allen, 1993) -> 10.0
Closer - Perto demais (Mike Nichols, 2004) -> 10.0
Simplesmente complicado (Nancy Meyers, 2009) -> 7.5
Desejo e reparação (Joe Wright, 2007) -> 8.0
Na natureza selvagem (Sean Penn, 2007) -> 7.0

MELHOR FILME: O exterminador do futuro 2 - O julgamento final
PIOR FILME: Dogma
MELHOR ATRIZ: Linda Hamilton, por O exterminador do futuro 2 - O julgamento final
MELHOR ATOR: Ryan Gosling, por O primeiro homem
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Debra Messing, por Buscando...
MELHOR ATOR COADJUVANTE: John Litgow, por Footlose - Ritmo louco
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Buscando..., por Aneesh Chaganty
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: O exterminador do futuro 2 - O julgamento final, por  James Cameron, William Wisher Jr. e Gale Anne Hurd 
MELHOR FOTOGRAFIA: O primeiro homem
MELHOR TRILHA SONORA: O primeiro homem
MELHOR CENA: A primeira perseguição em O exterminador do futuro 2 - O julgamento final
MELHOR FINAL: O exterminador do futuro 2 - O julgamento final

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