BALANÇO MENSAL - JUNHO

O tempo realmente não para... Cá estamos em junho, o mês que encerra o primeiro semestre de mais um ano que parece ter começado há apenas umas semanas. Perplexidades à parte, apresento mais um percurso cinematográfico, no qual deparei pela primeira ou pela segunda vez com produções dos mais diversos naipes e alcances, e o resultado dessa caminhada se encontra logo abaixo, com um desfile de nomes como Mike Newell, David Ayer, Martin Campbell, Jacques Tati e Antoine Fuqua. Não foi um mês de tantos filmes, tendo em vista as quantidades alcançadas em meses anteriores, mas ainda tenho conseguido manter a marca de ao menos um filme por dia. Também não foi um mês de grandes filmes, o que o alto índice de notas abaixo de 8 revelam. Porém, só se confirma a qualidade (ou o defeito) de um filme assistindo a ele. Sendo assim, até os ruins servem de exemplo. Do que não fazer.

PÓDIO

MEDALHA DE OURO

Os produtores (Susan Stroman, 2005)


Desde que entrou em cartaz no cinema - foi uma das últimas estreias do circuito comercial carioca em 2005 -, estava de olho nesse aqui, e o tempo avançou quase 13 anos até que eu enfim visse o quanto se trata de uma comédia realmente divertida. A proposta inicial demonstra inteligência: um ganancioso produtor teatral (Nathan Lane), que ludibria velhinhas lascivas se dá conta de que um fracasso de público e crítica pode ser muito mais rentável. Partindo dessa ideia, alicia um contador incauto (Matthew Broderick) e, mas adiante, ganha a companhia de uma estonteante sueca (Uma Thurman, com um sotaque bem arranjado). Tudo embalado com muita cantoria e tiradas irônicas, que tornam a experiência bem gostosa e também dão o que pensar. O enredo também já foi musical na Broadway, e sua versão para o cinema triunfa como o elenco principal em notável coesão e capaz de causar umas boas risadas em seu público. Se há verdadeiramente um fracasso aqui, é o de serem ruins.

MEDALHA DE PRATA

Direções (Stephan Komandarev, 2017)


O cinema possibilita viagens que, de outra maneira, talvez fosse improváveis. Que tal embarcar com alguns motoristas de táxi pela noite búlgara e conhecer um pouco das histórias de pessoas comuns, com suas mazelas, agonias e dificuldades? Por mais dramática que possa soar a ideia, o realizador não pesa a mão em suas escolhas narrativas e apresenta um pequeno mostruário do que é viver a realidade de um país tão pouco lembrado quando se pensa no continente europeu. Um dos passageiros transportados está de volta ao país depois de anos, e é considerado um traidor pela taxista, que também revela uma conexão do passado entre eles. Distante dos tradicionais cartões-postais, a Bulgária compõe a Europa do Leste, com suas terras geladas e as vacâncias de seus habitantes, uma espécie de primo pobre da França, da Alemanha e de outros grandalhões econômicos. O tom realista adotado aqui imprime força às histórias, e tornam a sessão um importante painel reflexivo e uma viagem para além do conceito turístico.

MEDALHA DE BRONZE

Os incríveis 2 (Brad Bird, 2018)



Demoraram demais para produzir a continuação de Os incríveis, mas enfim ela chegou. O resultado não é dos mais incríveis - trocadilho irresistível -, mas não se pode negar o poder de atração vindo dessa família de heróis que tem seus percalços dignos de qualquer ser humano normal. E talvez aí esteja o maior atrativo da animação: por mais que façam estripulias inacreditáveis devido às suas habilidades extraordinárias, eles são gente como a gente quando têm de lidar com problemas cotidianos, como o ciúme de Bob diante do protagonismo de Helen numa missão e a paixonite de Violet por um menino que teve sua memória apagada por saber demais - e acabou se esquecendo dela também. O senão do enredo é a previsibilidade do vilão, que pode ser intuído com pouco tempo de história, mas ainda assim Os incríveis 2 é uma diversão gostosa que vale a pipoca.


INÉDITOS

194. Deadpool 2 (David Leitch, 2018) -> 7.0
195. Os produtores (Susan Stroman, 2005) -> 8.0
196. Direções (Stephan Komandarev, 2017) -> 8.0
197. Agarra-me se puderes (Hal Needham, 1977) -> 7.0
198. Quatro casamentos e um funeral (Mike Newell, 1994) -> 7.0
199. Corações de ferro (David Ayer, 2014) -> 7.0



200. Cada um na sua casa (Tim Johson, 2015) -> 5.0
201. O dobro ou nada (Stephen Frears, 2012) -> 6.0
202. Lições em família (Zach Braff, 2014) -> 6.0
203. Throughbreds (Cory Finley, 2017) -> 3.5
204. Welcome to me (Shira Piven, 2014) -> 6.0
205. Noite silenciosa (Piotr Domalewski, 2017) -> 6.5


206. O gosto do dinheiro (Sang-soo Im, 2012) -> 7.0
207. O estrangeiro (Martin Campbell, 2017) -> 6.0
208. Nick & Norah: uma noite de amor e música (Peter Sollett, 2008) -> 7.0
209. Valentino - O ídolo, o homem (Ken Russell, 1977) -> 7.0
210. Nocaute (Antoine Fuqua, 2015) -> 6.0
211. Jurassic world - O mundo dos dinossauros (Colin Trevorrow, 2015) -> 7.0
212. O outro irmão (Israel Adrián Caetano, 2017) -> 7.0



213. As férias do Sr. Hulot (Jacques Tati, 1963) -> 7.0
214. Jurassic world - Reino ameaçado (Juan Antonio Bayona, 2018) -> 7.0
215. Hereditário (Ari Aster, 2018) -> 5.0
216. Planeta dos macacos - A guerra (Matt Reeves, 2017) -> 7.5
217. Oito mulheres e um segredo (Gary Ross, 2018) -> 7.0
218. A noite devorou o mundo (Dominique Rocher, 2018) -> 6.0
219. Ruína azul (Jeremy Saulnier, 2013) -> 5.0


220. Hurricane - O furacão (Norman Jewinson, 1999) -> 7.5
221. Trama internacional (Tom Tykwer, 2009) -> 7.5
222. O último amor de Mr. Morgan (Sandra Nettelbeck, 2013) -> 6.0
223. Os incríveis 2 (Brad Bird, 2018) -> 7.5

REVISTOS

O homem que não estava lá (Ethan e Joel Coen, 2001) -> 8.0
O discreto charme da burguesia (Luis Buñuel, 1972) -> 8.0
O porto (Aki Kaurismäki, 2011) -> 8.0
A parte dos anjos (Ken Loach, 2012) -> 8.0

MELHOR FILME: Os produtores
PIOR FILME: Throughbreds
MELHOR DIRETOR: Stephan Komandarev, por Direções
MELHOR ATRIZ: Rebecca Hall, por O dobro ou nada
MELHOR ATOR: Clive Owen, por Trama internacional
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Uma Thurman, por Os produtores
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Leonardo Sbaraglia, por O outro irmão
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Os produtores, por Mel Brooks e Thomas Meehan
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Brad Bird, por Os incríveis 2
MELHOR FOTOGRAFIA: Noite silenciosa
MELHOR TRILHA SONORA: Trama internacional
MELHOR CENA: O tiroteio no Guggenheim em Trama internacional
MELHOR FINAL: Os produtores

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