BALANÇO BIMESTRAL - NOVEMBRO E DEZEMBRO

Pela primeira vez desde que comecei a fazer um balanço dos filmes que vi durante o mês, juntei dois meses seguidos. O pouco tempo disponível para fazer o balanço de novembro, bem como uma certa preguiça nos primeiros dias daquele mês, fizeram que eu procrastinasse sua publicação e optasse por trazê-lo junto com a relação de filmes selecionados ao longo do mês de dezembro. 

Portanto, o que se segue são dois pódios e mais de 50 filmes somados, compondo um panorama interessantíssimo de nacionalidades, idiomas, temas, diretores, elencos e resultados. A única nota 10 na reta final de 2015 foi conquistada (vejam, um trocadilho) pelo esplêndido Tarde demais para esquecer, meu segundo Leo McCarey - o primeiro tinha sido visto justamente no primeiro mês do ano. Segue, então, a despedida de 2015 de uma vez por todas, mas os bons e ótimos filmes permanecerão na memória pelos próximos meses e anos.

NOVEMBRO

PÓDIO

MEDALHA DE OURO


Ensina-me a viver (Hal Ashby, 1971)

Travessura rima com ternura, e essa similaridade sonora é também a mescla que transborda de Maude, adorável idosa vivida por Ruth Gordon, então nos primeiros passos de sua tardia, curta, mas profícua carreira. Suas estripulias acertam o coração de Harold (Bud Cort), um velho preso em um corpo jovem que adorar simular sua morte nas condições mais macabras possíveis. Para além das pequenas estranhezas do roteiro, trata-se de uma celebração à vida e à vontade de sair mundo afora sem a preocupação com um rumo específico.

MEDALHA DE PRATA


Os irmãos cara de pau (John Landis, 1980)

Divertido até dizer chega, este conto urbano sobre dois trambiqueiros unidos tanto por laços sanguíneos quanto de interesse prescinde de um compromisso estreito com a verossimilhança. Sem o menor aviso prévio, eventos insólitos acontecem, como uma explosão diante da qual os atingidos reagem com a postura mais fleumática do mundo. Os personagens nasceram a partir de uma banda formada pelos atores James Belushi e Dan Aykroyd apenas dois anos antes, e as sequências musicais são igualmente bem-humoradas. Sobra espaço até mesmo para uma bela participação de um certo Ray Charles.

MEDALHA DE BRONZE


Os corruptos (Fritz Lang, 1953)

Exemplar de gabarito do cinema noir, cada sequência deste Fritz Lang parece competir com a outra para se tornar a mais antológica. Habitado por personagens cuja moral é sempre questionável em maior ou menor grau, o longa testemunha as investigações de um detetive, que precisa descobrir a verdade por trás de um suicídio. Cada vez mais encalacrado, ele percebe que sobreviver à selva urbana é para os muito fortes, e algumas vidas vão se emaranhando à sua em um percurso na corda bamba.

INÉDITOS

1. Um grande garoto (Chris Weitz, 2002) -> 7.0
2. Johnny Guitar (Nicholas Ray, 1954) -> 8.0
3. Maratona do amor (David Schwimmer, 2007) -> 6.0
4. Os amores de Astrée e Céladon (Eric Rohmer, 2007) -> 8.0
5. Atirem no pianista (François Truffaut, 1960) -> 7.0
6. Ensina-me a viver (Hal Ashby, 1971) -> 9.0
7. Dheepan - O refúgio (Jacques Audiard, 2015) -> 7.0


8. Flor de equinócio (Yasujiro Ozu, 1958) -> 7.5
9. Starsky & Hutch - Justiça em dobro (Todd Phillips, 2004) -> 7.0
10. Olhos de serpente (Abel Ferrara, 1993) -> 7.0
11. Nunca fale com estranhos (Peter Hall, 1995) -> 6.0
12. Os irmãos cara de pau (John Landis, 1980) -> 9.0
13. 007 contra Spectre (Sam Mendes, 2015) -> 7.0
14. Essa noite você é minha (David Mackenzie, 2011) -> 5.0
15. Aliança do crime (Scott Cooper, 2015) -> 7.0


16. Hotel Transilvânia 2 (Genndy Tartakovsky, 2015) -> 6.0
17. Alien, o oitavo passageiro (Ridley Scott, 1979) -> 8.0
18. O pai da noiva (Charles Shyer, 1991) -> 7.0
19. O expresso da meia-noite (Alan Parker, 1978) -> 8.0
20. A última ceia (Marc Forster, 2001) -> 7.0
21. A dama de Shangai (Orson Welles, 1947) -> 7.5
22. Noite sem fim (Jaume Collet-Serra, 2015) -> 7.0
23. Pai patrão (Paolo e Vittorio Taviani, 1977) -> 7.5


24. Millennium mambo (Hou Hsiao-hsien, 2001) -> 8.0
25. Feitiço havaiano (Norman Taurog, 1961) -> 7.0
26. Fuga do passado (Jacques Tourneur, 1947) -> 8.0
27. Cinzas e diamantes (Andrzej Wajda, 1958) -> 8.0
28. Reencarnação (Jonathan Glazer, 2004) -> 6.0
29. A pantera cor-de-rosa (Blake Edwards, 1963) -> 7.0
30. Ted 2 (Seth MacFarlane, 2015) -> 6.5


31. Os corruptos (Fritz Lang, 1953) -> 9.0
32. Trama macabra (Alfred Hitchcock, 1976) - > 8.0
33. Old joy (Kelly Reichardt, 2006) -> 7.5
24. Nascido para matar (Stanley Kubrick, 1987) -> 8.0

REVISTOS

Star wars episódio VI - O retorno de jedi (Richard Marquand, 1983) -> 8.0
Star wars episódio I - A ameaça fantasma (George Lucas, 1999) -> 7.5
Star wars episódio II - O ataque dos clones (George Lucas, 2002) -> 8.0
Star wars episódio III - A vingança dos Sith (George Lucas, 2005) -> 8.0

MELHOR FILME: Ensina-me a viver
PIOR FILME: Essa noite você é minha
MELHOR DIRETOR: John Landis, por Os irmãos cara de pau
MELHOR ATRIZ: Ruth Gordon, por Ensina-me a viver
MELHOR ATOR: Matthew Modine, por Nascido para matar
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Gloria Graheme, por Os corruptos
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Kirk Douglas, por Fuga do passado
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: John Landis e Dan Aykroyd, por Os irmãos cara de pau
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Stanley Kubrick, Gustav Hasford e Michael Herr, por Nascido para matar
MELHOR FOTOGRAFIA: Os amores de Astrée e Céladon
MELHOR TRILHA SONORA: Os irmãos cara de pau
MELHOR CENA: A explosão do prédio em Os irmãos cara de pau
MELHOR FINAL: Ensina-me a viver


DEZEMBRO

PÓDIO

MEDALHA DE OURO



Tarde demais para esquecer (Leo McCarey, 1957)

A tragédia do amor já foi tema de inúmeros filmes, mas os grandes serão sempre lembrados carinhosamente pela sua capacidade de transcender contextos. É o caso deste belíssimo romance que abre e fecha com a canção homônima ao seu título em inglês. A pulsação dócil dessa elegia atemporal causa aperto no coração de um público que já tenha vivido algum tipo de sentimento interditado: ele está sempre ali, mas cercado de muralhas que lhe impedem de se alastrar. Mas ainda pulsa.

MEDALHA DE PRATA


Em busca da vida (Jia Zhang-ke, 2006)

Os escombros de uma cidade escondem histórias preciosas. São vidas que se fizeram e, se pudessem falar, aqueles restos contariam o que se foi e o que ficou. O díptico assinado por Zhang Ke, vitorioso no Festival de Veneza, é oriental apenas na identidade, porque sua narrativa pode gerar identificação em quaisquer pessoas que já viveram alguns anos de vida e acumularam alguma história. Deslumbrante do ponto de vista imagético e pesaroso no âmbito sentimental, tem mais a dizer do que aparenta sua superfície.

MEDALHA DE BRONZE


Star wars episódio VII - O despertar da força (J. J. Abrams, 2015)

A Força despertou mesmo com tudo! Reunindo velhos e novos rostos, depois de 10 anos do último filme e ambientada trinta anos depois do sexto (terceiro) filme, Abrams faz renascer (já esteve morta?) uma saga quase quarentona com fôlego de garoto. Numa intertextualidade deliciosa com o quarto episódio, o roteiro joga a responsabilidade maior no colo de dois jovens que representam um pouco das discussões que vêm permeando a rede: Rey é uma garota e Finn é negro. Para além dessa inserção, o que se segue é aventura para fã nenhum botar defeito (mas há quem bote...).

INÉDITOS

1. Zazie no metrô (Louis Malle, 1960) -> 7.0
2. O sequestro do metrô 123 (Tony Scott, 2009) -> 6.0
3. O casamento de Maria Braun (Rainer Werner Fassbinder, 1979) -> 7.0
4. Mamma Roma (Pier Paolo Pasolini, 1962) -> 8.0
5. Além da vida (Clint Eastwood, 2010) -> 7.0
6. Os infelizes (Felix Von Groeningen, 2009) -> 6.0
7. Love & mercy (Bill Pohlad, 2014) -> 7.0
8. O final da turnê (James Ponsoldt, 2015) -> 7.5


9. Carta de uma desconhecida (Max Ophüls, 1948) -> 8.0
10. A faca na água (Roman Polanski, 1962) -> 7.0
11. Até a eternidade (Guillaume Canet, 2010) -> 7.5
12. Bullhead (Michael R. Roskam, 2011) -> 7.5
13. Nu (Mike Leigh, 1993) -> 5.0
14. Vivendo no abandono (Tom DiCillo, 1995) -> 7.5
15. Uma longa noite de loucuras (Mauro Bolognini, 1959) -> 7.5
16. Paul - O alien fugitivo (Greg Mottola, 2011) -> 6.0
17. Menina dos olhos (Kevin Smith, 2004) -> 6.5


18. Ventos da liberdade (Ken Loach) -> 7.0
19. Tarde demais para esquecer (Leo McCarey, 1957) -> 10.0
20. O perigoso adeus (Robert Altman, 1973) -> 7.0
21. Força policial (Gavin O'Connor, 2008) -> 7.5
21. Uma manhã gloriosa (Roger Michell, 2010) -> 6.0
22. A intérprete (Sidney Pollack, 2005) -> 7.0
23. O outro lado da rua (Marcos Bernstein, 2004) -> 8.0
24. O sobrevivente (Werner Herzog, 2006) -> 7.5


25. O lar (Ursula Meier) -> 7.0
26. Lado a lado (Chris Columbus, 1998) -> 8.0
27. O presente (Joel Edgerton, 2015) -> 7.0
27. A garota da motocicleta (Jack Cardiff, 1968) -> 5.0
28. Evereste (Baltasar Kormákur, 2015) -> 5.5
29. A cidade dos desiludidos (Vincente Minelli, 1962) -> 6.0
30. Ricki and the flash: de volta para casa (Jonathan Demme, 2015) -> 5.0
31. A espiã que sabia de menos (Paul Feig, 2015) -> 8.0


32. A visita (M. Night Shymalan, 2015) -> 5.0
33. Corpos ardentes (Lawrence Kasdan, 1981) -> 8.0
33. Uma vida comum (Uberto Pasolini, 2013) -> 5.0
34. Encontro marcado (Victor Levin, 2014) -> 7.5
35. Entre quatro paredes (Todd Field, 2001) -> 6.0
36. Star wars episódio VII - O despertar da força (J. J. Abrams, 2015) -> 8.5
37. Em busca da vida (Jia Zhang-ke, 2006) -> 8.5

REVISTOS

Paisagem na neblina (Theo Angelopoulos, 1988) -> 9.0
O talentoso Ripley (Anthony Minghella, 1999) -> 9.0

MELHOR FILME: Tarde demais para esquecer
PIOR FILME: A garota da motocicleta
MELHOR DIRETOR: Jia Zhang-ke, por Em busca da vida
MELHOR ATRIZ: Deborah Kerr, por Tarde demais para esquecer
MELHOR ATOR: Christian Bale, por O sobrevivente
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Julia Roberts, por Lado a lado
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Harrison Ford, por Star wars episódio VII - O despertar da força
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Jia Zhang-ke, por Em busca da vida
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: J. J. Abrams e Lawrence Kasdan, por Star wars episódio VII - O despertar da força
MELHOR TRILHA SONORA: John Williams, por Star wars episódio VII - O despertar da força
MELHOR FOTOGRAFIA: Em busca da vida
MELHOR CENA: O reaparecimento de Han Solo e Chewbacca em Star wars episódio VII - O despertar da força
MELHOR FINAL: Tarde demais para esquecer


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