BALANÇO MENSAL - SETEMBRO
É hora de apresentar todos os títulos que compuseram o meu setembro cinéfilo, com destaque para os três melhores no pódio. É difícil selecionar apenas um trio quando alguns outros receberam a mesma nota. Mas cinéfilos habituados a avaliar filmes com algum tipo de critério sabem muito bem que uma mesma nota pode refletir diferentes gradações de entusiasmo e paixão por um filme. Assim sendo, abraço mais do que nunca a brevidade e parto logo para os melhores do mês que passou, seguidos pelos 40 filmes, entre longas inéditos e revistos e curtas. Até novembro!
MEDALHA DE OURO
Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2014)
Apesar de sua delimitação espaço-temporal clara, Que horas ela volta? não restringe seu espectro de abrangência, e toca o dedo em feridas abertas, pregando peças em seu público. Afinal, se partimos do princípio de que Jéssica é uma abusada sem noção, podemos ser considerados reacionários incapazes de aceitar uma reorganização das relações sociais (e convenhamos que é a mentalidade vigente em muitas cabeças do Brasil, muitas delas com as quais convivemos), carentes de uma revisão urgente. Junto a Casa grande (idem, 2014), irmão do qual foi separado na maternidade e que também aborda o tema da divisão social, o longa de Muylaert vai bem além de um drama sobre mãe e filha em processo de reconciliação: é um maravilhoso exemplo de como o micro repercute no macro. [...]
Crítica completa aqui
Identificação de uma mulher (Michelangelo Antonioni, 1982)
O Cineasta do Silêncio perderia a voz três anos depois de ter filmado esse cruzamento de ode com elegia sobre a alma feminina. Embora seu protagonista seja um diretor de Cinema , cada cena é impregnada da inquietação de mulheres que atravessaram seu caminho e, de alguma maneira, o transpassaram. Como de hábito em Antonioni, não se trata de um filme fácil ou palatável: diálogos escassos e ação quase nula desafiam o tempo a passar diante da tela e semeiam um desconforto que, em última instância, jaz na condição humana entregue ao ceticismo e ao meramente terreno. O mesmo realizador que já havia flagrado a frivolidade moderna (já nem tão moderna assim) é o mesmo que perscruta as incongruências do amor ou de um sentimento que engana ao soar parecido com ele.
Tempo de diversão (Jacques Tati, 1967)
Tempo de diversão não é apenas um projeto megalomaníaco de Tati, mas uma comédia de costumes afiadíssima que dá na cara da sociedade a cada nova passagem em que turistas e parisienses se atrapalham e se desencontram, fica evidente o quanto o caos citadino já se incorporou em nosso DNA. Quase sempre abrindo mão de diálogos e trazendo de volta o Sr. Hulot de Meu tio (Mon oncle, 1958), carismático e elegante em sua economia verbal de proporção inversa à perspicácia, ele não livra a cara de ninguém, e mostra humor com humanidade, super na contramão de Charlies Hebdos da vida. E, a essa altura, gente esperta já deve ter notado que ironia é o que não falta ao título...
LONGAS
INÉDITOS
REVISTOS
CURTAS
MELHOR FILME: Que horas ela volta?
PIOR FILME: Medo e delírio
MELHOR DIRETOR: Jacques Tati, por Tempo de diversão
MELHOR ATRIZ: Regina Casé, por Que horas ela volta?
MELHOR ATOR: Michael Douglas, por Um dia de fúria
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Karine Telles, por Que horas ela volta?
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Lourenço Mutarelli, por Que horas ela volta?
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Anna Muylaert, por Que horas ela volta?
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: George Zuckerman, por Palavras ao vento
MELHOR TRILHA SONORA: A música nunca parou
MELHOR CENA: O telefonema da piscina em Que horas ela volta?
MELHOR FINAL: Onde começa o inferno
LONGAS
INÉDITOS
1. Alma em pânico (Otto Preminger, 1952) -> 7.5
2. Medo e delírio (Terry Gilliam, 1998) -> 4.0
3. Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015) -> 9.0
4. Os reis da rua (David Ayer, 2008) -> 7.0
5. Estrela de fogo (Don Siegel, 1960) -> 6.5
6. Família rodante (Pablo Trapero, 2004) -> 7.5
7. Eu posso ouvir o oceano (Tomomi Mochizuki, 1993) -> 7.0
8. Sussurros do coração (Yoshifumi Kondo, 1995) -> 8.0
9. O quarto homem (Paul Verhoeven, 1983) -> 7.0
10. Procura-se Amy (Kevin Smith, 1997) -> 6.0
11. Na próxima, acerto no coração (Cédric Anger, 2014) -> 6.0
12. As três noites de Eva (Preston Sturges, 1941) -> 7.0
13. Um longo fim de semana (Colin Eggleston, 1978) -> 7.5
14. E Deus criou a mulher (Roger Vadim, 1956) -> 6.0
15. Vive l'amour (Tsai Ming-liang, 1994) -> 7.5
16. A música nunca parou (Jim Kohlberg, 2011) -> 7.5
17. Música do coração (Wes Craven, 1999) -> 6.0
18. Letra e música (Marc Lawrence, 2007) -> 6.0
19. Vagas estrelas da Ursa (Luchino Visconti, 1965) -> 8.0
20. Identificação de uma mulher (Michelangelo Antonioni, 1982) -> 8.0
21. O que você faria? (Marcelo Piñeyro, 2005) -> 7.0
22. Serpentes a bordo (David R. Ellis, 2006) -> 7.5
23. Alice não mora mais aqui (Martin Scorsese, 1974) -> 7.5
24. Os maridos (John Cassavetes, 1970) -> 8.0
25. A fúria (Brian De Palma, 1978) -> 7.0
26. Fuga de Los Angeles (John Carpenter, 1997) -> 7.5
27. Vizinhos imediatos de 3º grau (Akiva Schaffer, 2012) -> 6.5
28. Palavras ao vento (Douglas Sirk, 1956) -> 7.5
29. Onde começa o inferno (Howard Hawks, 1959) -> 8.0
30. Tempo de diversão (Jacques Tati, 1967) -> 8.0
31. Magic Mike XXL (Gregory Jacobs, 2015) -> 5.0
32. Zumbilândia (Ruben Fleischer, 2009) -> 7.0
33. Mulher nota 1000 (John Hughes, 1985) -> 7.0
34. Iris (Richard Eyre, 2001) -> 7.0
35. Eden (Mia Hansen-Løve, 2014) -> 7.0
36. Um dia de fúria (Joel Schumacher, 1993) -> 7.5
37. Eles voltam (Marcelo Lordello, 2012) -> 6.0
REVISTOS
De olhos bem fechados (Stanley Kubrick, 1999) -> 8.0
Encontros e desencontros (Sofia Coppola, 2003) -> 7.5
CURTAS
O banquete (Patrick Osborne, 2014) -> 7.0
A velha senhora e os pombos (Sylvain Chomet, 2003) -> 7.0
A fábrica (Aly Muritiba, 2011) -> 7.0
MELHOR FILME: Que horas ela volta?
PIOR FILME: Medo e delírio
MELHOR DIRETOR: Jacques Tati, por Tempo de diversão
MELHOR ATRIZ: Regina Casé, por Que horas ela volta?
MELHOR ATOR: Michael Douglas, por Um dia de fúria
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Karine Telles, por Que horas ela volta?
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Lourenço Mutarelli, por Que horas ela volta?
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Anna Muylaert, por Que horas ela volta?
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: George Zuckerman, por Palavras ao vento
MELHOR TRILHA SONORA: A música nunca parou
MELHOR CENA: O telefonema da piscina em Que horas ela volta?
MELHOR FINAL: Onde começa o inferno
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