BALANÇO MENSAL - MAIO

Simples e direto ao ponto, esse balanço atrasadíssimo com a relação dos filmes vistos e revistos de maio traz nomes importantes como Agnès Varda, dona da posição mais alta do pódio, além de outros do porte de Alejandro Amenábar, Gary Ross, Michael Mann e Nuri Bilge Ceylan, nem todos com trabalhos dignos de muita apreciação. De qualquer maneira, fica aqui o registro de mais um passeio pelos mundos do cinema, mesmo em um mês de muitas escolhas que se revelaram equivocadas.

MEDALHA DE OURO



Visages, villages (Agnès Varda e J. R., 2017)


Um dos primeiros detalhes sobre a personalidade de Agnès Varda que salta aos olhos é: que senhorinha sapeca! Disposta a cair na estrada na companhia de um renomado fotógrafo, ela passeia por rostos e cidades, como bem avisa o título, e colhe um material humano de valor inestimável. Além de não parar quieta, essa baixinha octogenária de cabelos bicolores - porque enjoa do comum, segundo a própria - sabe se colocar diante das questões e defender aquilo em que acredita. A certa altura, ela manifesta seu descontentamento com a dificuldade financeira para realizar filmes como os dela, mas nunca chega a ser uma pessoa realmente mal humorada. Impossível não querer pegá-la no colo e passar umas boas horas passeando com ela e ouvindo histórias. Mas aqui a ouvinte é ela, que, acompanhada de J. R., demonstra alteridade e dá suas ideias criativas para produzir belas imagens que valorizam a população local no seu próprio local.

MEDALHA DE PRATA

Hostis (Scott Cooper, 2017)



O auge do faroeste aconteceu entre as décadas de 50 e 70, e desde então o gênero vem se limitando a manifestações pontuais, assinadas por diretores de diferentes calibres, conhecidos ou não, e com resultados nem sempre exitosos. O caso de Hostis, felizmente, é o primeiro, e a sensação que o longa de Scott Cooper deixa é de que foi beber em boas fontes do passado para trazer uma história de terras e vidas arrasadas. Em sua segunda parceria com o realizador, Christian Bale dá vida a um capitão do Exército que, depois de muita relutância, aceita escoltar um cacique e a família até a terra natal do indígena. A dificuldade em aceitar de cara a ordem se deve às hostilidades entre seus respectivos povos, mas uma vez que o grupo se junta para a viagem, à qual também se soma uma recém-viúva que também perdeu os filhos (papel de Rosamund Pike), os inimigos passam a ser outros, e a luta pela sobrevivência se torna a única questão. É pena que o filme passou despercebido pela maioria e sequer teve espaço no circuito comercial.

MEDALHA DE BRONZE

Sono de inverno (Nuri Bilge Ceylan, 2014)



O vencedor da Palma de Ouro de 2015 é um filme de digestão lenta e difícil. A narrativa acompanha um homem de personalidade complicada, que mantém um hotel na região turca da Anatólia junto com a esposa e a irmã, ainda despedaçada por conta do divórcio recente. No passado, ele atuava, e agora está dedicado à escrita de um ensaio sobre o teatro, mas ainda assim encontra tempo para submeter a esposa a jogos psicológicos, usando sua habilidade com as palavras a seu favor. É daí que surge a força motriz de Sono de inverno: seus longos diálogos, muitos deles em tom de duelo, expõem a dinâmica complexa na qual pode se transformar um relacionamento a dois. Ceylan não tem a menor pressa em desenvolver seu conto gélido, tendo como cenário uma neve que insiste em deixar tudo branco e, por vezes, desolador.

INÉDITOS

166. Confiar (David Schwimmer, 2010) -> 7.0
167. Gabriel e a montanha (Fellipe Barbosa, 2017) -> 7.0
168. Profissão ladrão (Michael Mann, 1981) -> 6.0
169. Transtorno (Alice Winocour, 2015) -> 7.0
170. Visages, villages (Agnès Varda e J. R., 2017) -> 8.5
171. Lugares escuros (Gilles Paquet-Brenner, 2015) -> 4.0




172. Celular - Um grito de socorro (David R. Ellis, 2004) -> 7.0
173. Palavrões (Jason Bateman, 2014) -> 6.0
174. Operação sombra: Jack Ryan (Kenneth Brannagh, 2014) -> 5.0
175. Acusados (Jonathan Kaplan, 1988) -> 7.5
176. Planeta dos macacos: o confronto (Matt Reeves, 2014) -> 7.0
177. Tomates verdes fritos (Jon Avnet, 1991) -> 6.5


178. Sono de inverno (Nuri Bilge Ceylan, 2014) -> 7.0
179. O homem de lugar nenhum (Jeong-beom Lee, 2010) -> 7.0
180. Tumbledown (Sean Mewshaw, 2015) -> 6.0
181. O sobrevivente (Stephen Fingleton, 2015) -> 6.0
182. Obra (Gregorio Graziosi, 2014) -> 6.0
183. King Kong (John Guillermin, 1976) -> 5.0



184. Ella e John (Paolo Virzì, 2017) -> 7.5
185. Clube sandwich (Fernando Eimbcke, 2013) -> 6.5
186. A noite do jogo (John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein, 2018) -> 6.0
187. Firewall - Segurança em risco (Richard Loncraine, 2006) -> 4.0
188. Hostis (Scott Cooper, 2017) -> 8.0
189. Golpe duplo (Glenn Ficarra e John Requa, 2015) -> 6.0


190. Jogos vorazes (Gary Ross, 2012) -> 3.0
191. Regressão (Alejandro Amenábar, 2015) -> 3.5
192. Tesnota (Kantemir Balagov, 2017) -> 6.0
193. Verão 1993 (Carla Simón, 2017) -> 7.0

REVISTOS

À prova de morte (Quentin Tarantino, 2007) -> 8.0
Holy motors (Leos Carax, 2012) -> 10.0
O silêncio dos inocentes (Jonathan Demme, 1991) -> 8.5
Aconteceu em Woodstock (Ang Lee, 2009) -> 7.5
Um lugar qualquer (Sofia Coppola, 2010) -> 8.0

MELHOR FILME: Visages, villages
PIOR FILME: Jogos vorazes
MELHOR DIRETOR: Nuri Bilge Ceylan, por Sono de inverno
MELHOR ATRIZ: Kathy Bates, por Tomates verdes fritos
MELHOR ATOR: Christian Bale, por Hostis
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Rosamund Pike, por Hostis
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Jesse Plemons, por A noite do jogo
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Agnès Varda e J. R., por Visages, villages
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Scoot Cooper e Donald E. Stewart, por Hostis
MELHOR FOTOGRAFIA: Masanobu Takayanagi, por Hostis
MELHOR TRILHA SONORA: Max Richter, por Hostis
MELHOR CENA: O massacre em Hostis
MELHOR FINAL: Hostis

Comentários

Postagens mais visitadas